segunda-feira, 25 de novembro de 2013

TER TEMPO?

Que horas são?
Que importa? Estou de férias!
Hora de levantar... Ir para a escola.
Hora de tomar banho, jantar e estudar.
Hora de voltar do trabalho, pegar o ônibus, caminhar...
Hora de partir, hora de chegar, hora de sonhar.
Hora que quiser, ou a hora que lhes quer.
Hora que está no relógio, hora que não se conta nos dedos..
Ora! Quanta coisa senhora! Muda essa hora, por favor!

Dificilmente conseguimos parar para pensar sobre isso, afinal: perca de tempo, não é mesmo?
 
Mas hoje me dei o luxo de refletir sobre esse tema, e partilhar com vocês algumas ideias.
 
Ter tempo para levantar, tempo para almoçar, tempo para dormir, nem sempre é o mesmo que ter hora para levantar, hora para almoçar e hora para dormir... Mas será que temos tempo, hoje?
Ou estamos mais preocupados com as horas?
 
Elas vão passar, mesmo que não queira, não pense nelas ou as ignore...
Mas que importa passar?
 
Não temos tempo para educar os filhos, mas quando estão com notas baixas e indisciplinas na escola arrumamos um tempo para conversar com a coordenação ou direção.
Não temos tempo para cuidar de nossa saúde, mas quando o médico diagnosticar infarto, vai ser preciso dar-se o tempo de descansar.
Não temos tempo para nós, mas quando sofremos com ansiedade, estresse e depressão, precisaremos refletir sobre o sentido que estamos dando para nossas vidas.
Não temos tempo para admirar a natureza, mas um tempo em frente a TV a gente sempre tem...
Não temos tempo para isso, mas temos muito para aquilo...
Outra hora volta, revira, reforma.
Outra hora se vai, passou, foi embora.
Embora é "em boa hora", mas será que era boa hora mesmo?
 
Boa hora para descansar, é sempre que estiver cansado.
Boa hora para almoçar, é sempre que estiver com fome.
Boa hora para acordar, é sempre quando se perde o sono.
Boa hora para dormir, é quando quer relaxar.
Boa hora para namorar, é quando apaixonar-se tem sentido.
Boa hora para viajar, é quando a hora demorou a passar no escritório.
Ou será que é só na hora que o patrão deixar?
 
Tem horas que o tempo nos falta.
Tem falta que o tempo nos faz, e não volta jamais.
Tem horas que passam devagar,
numa cama de hospital, esperando o doutor passar...
Queria mesmo é que passassem as horas. Essas enroscam, demoram, param... Estressam!
 
E o tempo?
Aquele que se dedica a uma boa leitura... Sentado a beira de um ribeirão, olhando o céu, os passarinhos...
Passou esse tempo, é hora de voltar, temos hora.
E aquele tempo, que se ganha a brincar com a criança?
Não temos horas para isso, é necessário aula de inglês, natação e kumon... Não pode perder o vestibular...
Será que terá tempo para viver? Sonhar? Conquistar?
 
É preciso ser rico para dominar seu tempo...
Ou é preciso escolher, dizer não ao horário, ao efeito.
Uma bola de neve, que ao escorregar da montanha toma força e tamanho...
Derruba o boneco, feito com carinho, com tempo e alegria, pela criança que não sabia ver as horas...
Os ponteiros giravam de pressa... O celular não funcionava lá... O melhor é não ter hora, é ter tempo de brincar... Façamos outro boneco, nada a preservar... Já mudou, foi, passou... Agora é novo, de novo, sem tempo, sem hora, sem temporal.
 
Temporal?
Relativo ao tempo...
Ou à tempestade, que também demora a passar...
Atemporal é aquilo que não tem tempo...
Como aquelas conversas de nossos avôs, sentados na porteira, ao olhar as estrelas.
Como aqueles ensinamentos que se passam de familiares, nas rodas de conversas sentados à mesa.
Como tudo, se não tivéssemos relógios, que nos dissessem o que devemos fazer neste momento.
 
O quê? Perdeu seu tempo lendo isso aqui?
Ou perdeu só a hora de ir buscar os filhos na escola?
Perdeu a hora do trem, do ônibus, da condução?
Ou ganhou o tempo de olhar para dentro, para a emoção?
Ganhou a vontade de sonhar de novo, mudar os ponteiros, recombinar as horas?
Devaneou o tanto de tempo que perde em construção de uma hora que se vai?
Pensou, pelo menos, no tempo que se perde preocupado com as horas que giram?
 
Girou, passou, quem ficou ganhou, quem partiu se salvou, quem notou rasgou...
Voaram as horas, passou o dia... Mais um se vai, que agonia...
 
É preciso largar as horas...
E pensar em TER TEMPO.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

TRÂNSITO

Impossível viver num grande centro urbano, numa cidade grande, e não se deparar com o trânsito que acomete estas cidades nos horários de entrada e saída de trabalhadores.
 
Desde as sete horas da manhã já é possível perceber um movimento intenso nas grandes avenidas das cidades aonde moramos. Próximo ao meio dia o número de carros volta a ser grande, mas ainda contido se comparado com o primeiro momento em questão.
Ao final da tarde é inusitado... No período entre cinco e sete horas da tarde o movimento é frenético.
Carros, luzes, motos, ônibus, semáforos e buzinas se encontram num emaranhado de movimentação e estabilização que não tem ordem, ou se ordena de forma bagunçada.
 
Alguns gritos, outras buzinas, muitas pressas e poucas conversas.
Algumas pessoas se irritam, outras nem ligam...
Algumas ligam para os parentes a avisar o atraso,
Muitas não tem para quem ligar, e se embalam.
Embalam-se nas músicas, nos livros, nos planos...
 
E se eu virasse aquela esquina? Será que mais rápido chegaria?
E se eu tivesse saído mais cedo? E mais tarde? E não saído?
E se eu tivesse ido de ônibus? E se eu tivesse ido de carro? E de moto?
A pé, quem sabe? Bicicleta eu não tenho, então não me resta essa oportunidade...
 
Retrovisor avisou que mais um quer ultrapassar...
Passar para onde? Ultra passar o quê? Ultra assar aqui com a gente, isso sim.
E agora vem a ambulância, essa consegue passar...
Se eu gritar imitando a sirene, será que consigo enganar?
Melhor nem tentar, preciso desestressar.
 
Ligo o rádio, como uma fruta...
Olho para o lado, conto as nuvens...
Pinto mentalmente o carro da frente de outra cor,
Reflito lentamente o quanto tempo perdido...
Quantas coisas poderia fazer nesse tempo,
Quanto tempo poderia ganhar se tivesse outra forma de chegar.
 
Olhando para o lado eu penso que todos estamos no mesmo barco.
Alguns com seus problemas em casa, querendo resolver...
Outros fugindo de casa, tentando absolver.
Muitos indo trabalhar, outros voltando ao seu lar,
Alguns caminhando calmamente lá fora: será que estão a endoidar?
É perigoso ir de ônibus, muito menos caminhar!
Será?
 
Algumas pessoas se maquiando, outras enamorando...
Muitas destas pensando o quanto se perde nesse lugar.
O importante é não esquentar a cabeça, não se desesperar.
 
Observo muitos carros com uma pessoa apenas,
Será que nem o vizinho eu posso ajudar?
Uma carona, uma parceria, rachar o combustível, pode ajudar?
Não sei, melhor não arriscar.
E se estiver de ônibus, não tem como podar...
É preciso esperar o ponto, não tem como pular!
Calma, está chegando...
Ah não! Mais um carro enguiçado? Um caminhão quebrado?
Um motoqueiro caído, uma mulher chorando, uma criança gritando, vou me atrasar!
 
Quero me livrar logo disso, chegar em casa e meu tempo ganhar...
Pra gastar com outra coisa... Um banho, uma novela ou na internet...
Pelo menos tem um blog legal para ler hoje.
Engraçado, falou do que eu havia pensado desde a hora que saí de casa...
Como ele sabia?
 
Sabia, com certeza, porque faz parte disso também...
Duvido que ele tenha um helicóptero e esteja vendo tudo isso lá de cima, sem participar.
É! Não tem como escapar! Morar em grandes cidades é transitar...
 
Transitar já não é mais passar por certo lugar, mas é estagnar, parar, congestionar.
Transitar não é movimento, é parada, esquecimento...
É perder esse momento!
 
Na atualidade é natural notar tudo isso...
Gente sozinha, em seu mundinho... no seu carrinho, indo a caminho...
Caminho de seus sonhos, seus planos, seus afazeres,
Fugindo de outros que não conquistou, deixou passar a oportunidade,
Poderia estar parado, estagnado, impossibilitado,
Poderia estar correndo, buscando chegar... Aonde?
 
Não adianta, parou de novo, transitou, aglomerou.
Sozinho eu vou...
Seguindo nesse TRÂNSITO da vida...
 
Partiu, parar por ali, até mais...

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

EUFEMISMO e o Ensino Público

Refletir, pensar, filosofar, devanear, eis a questão.
Que questão é essa que nos faz pirar?
Que questões são aquelas que nos pedem para pensar?
Solucionar? Nem sempre! Avaliar? Talvez.
Devanear? É o que temos para hoje!

Numa aula qualquer, em uma escola qualquer da rede pública de ensino, do Estado de São Paulo, vivia feliz um estagiário de Filosofia. Assistia as aulas de História e Sociologia. Gostava de participar.
Sonhava com o dia em lecionar e por isso, em alguns momentos, interrompia para questionar a professora que demonstrava muita atenção pelos seus alunos, no período noturno daquela escola.

Muitos alunos cansados, trabalham o dia todo, e nesse calor é muito difícil prestar atenção.
A professora trás textos, músicas, filmes, discussões.
Trás alegria, trás fotografias, um livro aberto, motivações.
Também trás a angústia de querer transformar, e até solucionar, o sistema de "educações".
Fugir do marasmo, contar ao contrário, pensar diferente, cuidar de corações.

Numa dessas passagens, sorridente estava o estagiário, acompanhando a professora de língua portuguesa.
Logo percebeu que vocação não tem, vontade porém é pior, necessidade de auto afirmação e uma gritaria que não tem por igual.
Comparações desnecessárias de turmas, com falácias de persuasões que só convencem os mais desligados, que estão nesta hora dormindo encostado nas carteiras, depois da labuta de seus dia a dias.
É certo que a zoeira que a juventude apronta na sala de aula as vezes faz o professor perder a cabeça.
Mas será que essa cabeça quer pensar algo diferente para eles não zoar?
Ou quer robotizar? Coloca-los todos numa caixa a pensar por igual?
Sei não... As vezes quero evaporar!

O que é EUFEMISMO professora? - perguntou a aluna
E o dicionário buscou... - a professora
O quê? Pergunta o estagiário em seu pensamento, num devaneio de conversas consigo mesmo enquanto observa de longe tudo que acontece na sala...
O celular que a outra aluna está usando deve ter internet, será que ela não consegue buscar? Em qualquer "google" da vida se encontra essa resposta. Não é tão difícil.
Mas é preferível gritar para que essa aluna desligue o aparelho, que na verdade vai para baixo da carteira, ainda utilizado para "whatzappear" (para os leitores mais velhos, whatsapp é um aplicativo para os smartphones que se pode falar com amigos por mensagens utilizando da internet).

Voltou a professora, com o dicionário na mão, Eufemismo é "falar algo diferente do real".
A aluna volta para o seu lugar sem nada entender, afinal não era isso que o google lhe havia mostrado nesse meio tempo entre ida para a biblioteca buscar dicionário, gritaria na sala, bola de papel voando e perguntas ao estagiário.
Numa busca rápida no dicionário Priberam da língua portuguesa se pode encontrar: " Figura de estilo com que se disfarçam as .ideias desagradáveis por meio de expressões mais suaves (ex.: a expressão "ir para o céu" é um eufemismo para "morrer")."¹
Então não é falar algo diferente do real, é só amortecer um pouco a ideia, o pensamento, ou até mesmo o estresse gerado por tal.
Afinal, ir para o céu é muito melhor nessas horas do que ver isso acontecer aos jovens que nesta escola aprendem a falar, escrever e pensar com uma professora assim.

Se não fosse a matéria dela, ou da série em questão, o questionamento seria em vão.
Mas por se tratar de perguntas diretas, com vontade de aprendizado, o aluno não pode sair perdendo.
É necessário entender o contexto, o propósito, a necessidade.
Mas foi de um texto copiado por ela, para exercícios que valem nota, um passatempo original daqueles que não querem preparar aula, servir aos jovens ou pensar algo legal.

Seria muito difícil compreender que se ensina com os exemplos, com as vontades diferentes, com a evolução?
Seria muito difícil entender que a necessidade de se ensinar é conjunta a vontade de se aprender, e vice-versa?
Seria muito difícil compreender que se quiser silêncio é necessário antes de tudo respeitar o barulho que se faz e aprender com ele?
Gritar não vai adiantar. Xingar menos ainda. Comparar então, nem se fale.
É necessário reestruturar, reorganizar, refazer, reencontrar com o que é melhor, mudar.
Cambiar, trocar, fazer de outra forma, não parar.

Estagiário continua firme, confiante em fazer diferente, apoiado em professores que estão fora da caixa, que pensam a mudança, que assumem liderança.
Neste meio tem muito disso e pouco daquilo.
Disso que faz bem, cativa, acompanha.
Daquilo que ignora, ganha seu tostão e cai fora.
Disso que muda a vida, abraça, chora junto.
Daquilo que finge não acontecer, amortece, distancia.
Disso que temos de melhor e precisamos fortalecer.
Daquilo que é necessário jogar foda, cortar pela raiz, apodrecer.
Disso que queremos mais.
Daquilo que não queremos nem pintado de ouro.

Eufemismo não usei para descrever.
Ensinar é preciso. Publicar também.
Ensinar o Público, motivar a mudança, anunciar.
Transformar... Educar.

EUFEMISMO e o Ensino Público é isso... Uma ideia que se quer diferente... Um "ir pro céu" que não se quer "morrer".
Não deixem morrer, por favor!

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¹ http://www.priberam.pt/dlpo/eufemismo

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

CRITICAR para não MANIPULAR

Qual é a pergunta, meu irmão? Qual é a solução?
Sei não! Sei não! Melhor pensar um pouco e largar a confusão.

Grandes amigos que partilham comigo essas letras que escrevo semanalmente, como estão?
A luta por fazer o mundo girar, na rapidez de suas horas, me fazem escrever somente hoje, quinta-feira, perdoem-me...
Muitas experiências interessantes e reflexões pra lá de especiais essa semana...
Mudam a gente, realocam ideias, transformam a luta, reorganizam utopias...
Muitas notícias, muitas perguntas, muitas loucuras e muitas respostas...
Prefiro perguntar, filosofar, buscar, não acabar, sonhar.

Como são formadas as respostas?
Como são formuladas as perguntas?
Quantas verdades existem?
Quantas realidades, talvez?

A maior parte das pessoas interage com o mundo de forma superficial...
Na superfície do saber, na superfície do realizar, na superfície do educar-se.
Boiam, a fim de pegar um bronze, no marasmo da vida.
Sufocam-se em telenovelas e programas de humor pastelão...
Criam conceitos, verdades, tolices, pelo jornal da televisão.
Veem sangrar a tela em show de horrores dos programas policiais,
Mas esquecem-se de tudo quando dançam mulheres em programas banais,
dos domingos, tediosos, sufocantes, deprimentes, passionais...

Não perco um... Não perco uma...
Compre isso, coma aquilo, isso não, só fazia bem na semana passada, hoje a dieta é outra.
Isso engorda, isso dá câncer, isso mata, mas pode matar a barata, o mosquito, a erva daninha da plantação... o pulgão, quem sabe o marimbondo, mas até a joaninha na pulverização.
Mas o que importa é que passou no jornal, que pode comer a vontade o pernil no natal, o lanche do palhaço, a comida enlatada, congelada, "hormonizada".

O carro do ano muda todo ano para o ano não passar batido...
Cuidado para não bater o carro, o seguro é caro, o amassado estraga, a prestação aumenta, o "bagulho" esquenta, a loucura ferve e a briga surge.
A roupa da moda é usada por celebridades, e se você não estiver na moda cuidado com a corda, ela vai te enforcar... Mas é melhor se enforcar no cartão de crédito, esse não te mata de uma vez, é só mandar pro fim do mês.
Ouça essa música, compre esse tênis, viaje para esse lugar, assista esse filme, coma essa comida, não passe da medida, veja isso, ou não veja nada que venha de lá, melhor é nada de VEJA.

A mídia busca a cada dia nos engolir, ou nos fazer engolir uns aos outros.
A manipulação das informações, das notícias, das verdades é sentida por aqueles que pensam fora da caixa...
E não é tão difícil assim, basta desligar a TV e partir pra leitura...
Ler de tudo, de todas as fontes, dos diversos pensadores...
Relembrar a pensar, criticar.

Filosofias surgem no banheiro, no boteco, durante o ano inteiro...
Mas não podem ser esquecidas, abraçadas pelos sofás, nas salas perdidas.
Refletir é pensar, é sonhar, é agir... é filosofar.
Filosofar é avaliar, é reorganizar, é criticar.
Criticar é criar seu ponto de vista, sua avaliação, sua reflexão,
é não engolir tudo que chega da televisão, como verdade ingênua, regurgitada, cheia de manipulação.
Não deixar alienar, não deixar corromper,
Refletir, recriar, admitir e criticar...
Sonhar?
Guardar?
Cansar?
Transformar!

Eis minha crítica, eis minha utopia...
Eis minha vontade, eis minha filosofia,
CRITICAR para não MANIPULAR.