segunda-feira, 28 de outubro de 2013

EDUCAR (SÃO)


Ainda antes de finalizar o mês, gostaria de refletir um pouco sobre a Educação.
O mês de outubro é marcado pelo "Dia do Professor", comemorado em 15 de outubro, e que geralmente é respeitado pelas escolas de todo o Brasil, para reflexão sobre estes profissionais que movimentam o país.
 
E também refletir sobre a Educação, que é o mais importante nessa nossa conversa.
 
Estagiário no sistema estadual, e profissional no sistema privado, observo os dois lados...
de uma mesma moeda, que as vezes não parece a mesma, e muitas vezes não é, ou não querem que seja.
 
São educadores iguais, num sistema desigual, com vontades iguais e planos desiguais, e sonhos reais, nem sempre iguais, muitas vezes paranormais.
Educadores que dão o sangue e suor, enfrentando três jornadas de trabalho em escolas diferentes é comum de se ver.
Educadores que levantam cedo, dormem tarde, e não tem finais de semana, planejando aulas, criando e corrigindo provas e trabalhos, dançando conforme a música, bailando com seus suores.
Educação é ação, é transformação... Mas no último mês também foi repressão.
 
Repressão aos educadores, repressão à educação...
Repressão aos pensadores, que transformam a nação.
Repressão contra os livros que armavam confusão,
Confusão que na verdade era luta por libertação...
Que a mídia golpista colocou, na diária alienação.
 
SÃO educadores, são mulheres, são homens, são pessoas...
SÃO educar, são educação, são transformadores, não são atoas.
SÃO mudança, são carinho, são confiança...
SÃO aliança, são caminhos, esperança...
Não são vendidos, comprados, mas são largados pelo Estado que não alcança..
Porrete na mão, bomba de gás, confusão...
Cabelo puxado, roupas rasgadas, sangue nos olhos, malcriação.
 
Levantar cedo, pegar "busão", levar conhecimento para a nação...
É o objetivo de vida, de muitos desses vândalos pensadores,
É o sonho de esperança de muitas crianças desgraçadas pela opressão.
É a transformação que a comunidade precisa, é coração!
 
Melhores condições de trabalho, menos otário, mas compreensão...
Maiores lutas, sonhos a vista, participação.
Professores em luta, para poder trabalhar, e não ter que se matar pra comprar o pão,
Mas não adianta gritar, o governador manda, o prefeito aceita, a polícia cumpre seu papel...
Dar tiro pro alto, jogar bomba, bater no escudo com o coronel...
Parecem bandidos fugindo do cárcere, mas só carregam papel...
 
Educar, são esses homens e mulheres, que na luta diária carregam as mazelas de uma população...
Que morre de fome e de frio, vítimas de um sistema opressor e desigual...
E são profissionais em levantar autoestima, confiar nos alunos, sonhar com eles, trabalhar para ganhar o pão e não se meter em confusão.

Infelizmente a Educação de hoje é, como na maior parte da história foi, para a elite.
Aqueles que podem pagar terão melhores capacitações, e continuarão girando a roda de desenvolvimento passivo, dominante.
Aqueles que não podem, se viram como podem, e educam-se como podem também.
Educam-se para a vida, para as lutas, para tentar mudar o mundo...
Educam-se e são diferentes!

Educar para o vestibular?
Educar para a vida?
Educar para o ENEM?
Ou nem aí pra subida?
Educar para ser pai? Mãe? Professor?
Educar para ser educador, não importa aonde for!

Educar para ser empresário, dono, patrão?
Educar para ser explorado, pedreiro de pé no chão?
Educar para ser manipulado pela televisão?
Educar para ser transformado, sonhando com a transformação?
Eu prefiro ser diferente e educar o coração!

Partilhando vamos,
E partilhando vou.
Educando... ou pelo menos tentando.
Educar somos,
EDUCAR SÃO!

Para continuar a reflexão: http://www.youtube.com/watch?v=bBIzJlaPwto

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

(COM) PARTILHAR

Depois de ter partilhado com vocês algumas reflexões sobre o consumismo gerado em torno de um Feriado Nacional, que muitas vezes não tem o sentido de comprar, mas de reviver as lembranças da infância, venho compartilhar com vocês algumas outras ideias.
Para os que não participaram da outra reflexão, ao final desta é possível participar, descendo um pouco mais a tela de leitura.
 
Pensamentos que vão e vem, muito além do que passamos, experimentamos e compreendemos, venho refletir sobre a partilha, ou mais falada hoje em dia como "compartilha", uma partilha além dos modelos de partilhar, muitas vezes com anseios de curtir, ou simplesmente provocar, ou só participar.
 
Partilhar tem como origem o latim em PARTICULA, diminutivo de PARS, parte, pedaço.
E significa fragmento, objeto muito pequeno.¹
 
Partilhar também é verbo, na língua portuguesa, que pode significar "dividir em várias partes, possuir com outros, ter em comum".²
 
Partilhar pode ser entregar partes boas, dividir com os demais.
Pode ser um ombro amigo, nas horas difíceis, nos terminais...
Partilha-se momentos inesquecíveis, conversas distraídas, carnavais,
Pode precisar na hora triste, de uma dor difícil, nos temporais.
Partilham-se sonhos, objetivos, metas e arrepios,
Partilham-se lutas, guerrilhas, caminhos e destinos.
Partilham-se dores, amores, corridas e corredores,
Partilham-se alegrias, tristezas, amizades e espertezas.
O mais legal é partilhar caminhos.
 
Partilhar é pegar uma parte e dividir com o outro...
As vezes essa parte não vai, soma-se com o que fica,
Soma com o que recebe,
Soma com o que partilha.
 
Partilhar é entregar, de coração, um presente...
Um carinho corrente, uma luta ardente, um retrato sorridente.
Um amor de mansinho, uma flor, um carrinho, um ursinho.
Um arroz, um feijão, um prato no caminho...
Um pão, um aperto de mão, um coração.
Quem partilha tem mais que de início!
 
Hoje partilhamos tudo, pois não vivemos sós.
Partilhamos o ar que respiramos, o rio que navegamos,
A estrada que atravessamos, os anseios de fins de anos.
Partilhamos ideias, pensamentos e palavras...
Partilhamos estudos, palestras e enxadas.
Partilhamos carrinhos de mão, furadeiras e construção,
Partilhamos o lixo jogado, pegado pelo moço do caminhão.
Afinal, partilhamos de tudo, nesse mundão!
 
Na internet também se partilha, mas se diz compartilha, que é quase a mesma coisa.
Juntos se compartilha, dando se partilha.
Compartilhar os arquivos, os livros lidos, a impressão...
Compartilha a foto tirada corrida do olhar amigo no meio da aglomeração.
Compartilha-se sonhos, metas, dores e confusão...
Mas também compartilha coragem, caminhos livres e arrumação.
 
Tem muita coisa para compartilhar, precisa somente escolher o que se deixar levar.
Pode compartilhar oração, fazendo junto com o amigo, pedindo paz para o mundão...
Mas tem gente que prefere compartilhar o tiro que o policial deu no ladrão.
Eu prefiro não arrumar confusão, e compartilho ideias, de devaneios feitos com reflexão.
Compartilho de amores, de momentos felizes, de sonhos vividos, sorrisos nos rostos, arrumações!
Depende de quem partilha, com partilha, ou compartindo "partilhões".
 
Partindo a gente partilha, compartilha arranhões.
Partindo a gente fica com aquela lembrança, que será compartilhada em fotos felizes no dia seguinte.
Partindo a gente tem mais para dividir, e compartilhar, partilhar ou se doar.
Compartilhar é olhar o que se tem de melhor, querer dividir, querer acalmar.
Compartilhe com todos, momentos felizes, caminhos estreitos, corridas por sonhos.
Partilhe o pão, praqueles que sentem fome, andam no mundo de pés no chão.
Partilhe ideias, compartilhe emoções.
Partilhe sentimentos, compartilhe corações.
Com partilhas chegaremos muito mais longe, do que com simples curtidas, de segundos sem reflexões.
 
COM PARTILHAR.
 
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¹http://origemdapalavra.com.br/palavras/partilhar/
²http://www.dicio.com.br/partilhar/

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

CONSUMISMO e ALIENAÇÃO

Será interessante pensar sobre esse tema, e a partir de algumas reflexões que fiz neste sábado passado, que foi "Dia das Crianças" no Brasil, gostaria de partilhar com vocês algumas ideias sobre o tema que escolhi; contar algumas curiosidades e, se me permitirem, devanear em minhas filosofias...

No Brasil, como disse antes, o dia 12 de outubro é o Dia das Crianças.
É feriado!
Mas não é feriado para a comemoração das crianças e seus brinquedos e presentes, e sim para a devoção dos Cristãos Católicos à, por eles chamados, Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, ou somente Aparecida, que tem um templo em Aparecida do Norte, uma cidade que na verdade chama somente Aparecida.
Aos que não são Católicos, lhes é permitido aproveitar o feriado, afinal, somos todos brasileiros, e descansar, no final do ano é extremamente importante, já que a correria diária nos deixa cansados neste período de tal.

Aliás, a correria diária, e o consumismo desenfreado é o que quero partilhar com vocês...
Neste texto que refiro-me às Crianças... comemoradas neste dia que se passou, 12 de outubro.
No Peru é diferente! Uma amiga, que lá nasceu, disse que o Dia das Crianças é comemorado no segundo domingo de abril. Já foi também!

Correr para o mercado, com nome estranho, shopping, bem assim: americanizado, padronizado.
Comprar, gastar o que não tem, a fim de suprir uma necessidade que não se tinha se fosse católico e comemorasse o dia da padroeira, mas não, católicos também tem...
Brinquedos são os mais procurados, e nesse mundo atual, até os eletrônicos entram na onda... Tablets, smartphones, pcs, vídeo-games... Tudo assim, sem aportuguesar!
Afinal, não vale a pena comprar somente um joguinho, um tabuleiro, daqueles que passamos horas brincando em nossa infância...

Infância que foi trocada, pelos trocados de nossas carteiras, enfiados em seus quartos, somando sozinhos suas tarefas, seus aprendizados...
Mas que nesse dia, são colocados para fora, no balcão do caixa, comprando mais um aparato para sua solidão...
Mas crianças não brincam com todos brinquedos!
Será que alguém já sentou, com eles, para brincar, no chão?
Ou está correndo, para ganhar dinheiro e pagar o cartão?
Não sei não... Eu aprendi a jogar pião, bolinha de gude, futebol de botão!
Brinquei também de casinha, quando na rua só tinha menina, não arrumei confusão.
Na rua que a gente gritava, corria, pulava...
Jogava, sorria, sonhava.
O que será que tem lá no céu, atrás das nuvens?
O que será que tem lá no chão, por baixo dos formigueiros?
O que será que tem lá no poço, cheio de água? Será que chega no Japão?

"Êta" infância querida, sem compromisso, sem prestação!

Falando nisso, lembro Conceição...
Aquela que hoje é Aparecida.
Que tem referência numa cidade de Minas Gerais...
Mas que quero lembrar de uma outra!

Minha avó paterna, que também é Conceição...
Que fugiu do sertão do Nordeste, para não morrer de fome, sem brinquedo, sem boneca, sem prestação...
Sem o que comer, sem o que beber, sem chinelo nos pés, nem colchão...
Veio com uma mão na frente e a outra atrás, no meio da criancice, de pé no chão.

Criança que não podia sequer, sonhar com tostão...

Penso quantas Conceições espalhadas por esse "Brasilzão"...
Que não viram tablets, smartphones, nem se quer um pão.
Ou tiveram que levantar cedo, pegar a mochila e carpir o estradão...
A caminho da roça, do trabalho, do ganha pão.
Trabalhar não é para criança...
Não contaram no sertão!

É preciso realmente tanta prestação?
Tanta coisa para comprar, tanto presente, tanta superficialidade?
Falta muita partilha, muitos "jogar junto", sentar no chão...
Só eu não durmo com tranquilidade?

Cito Adorno, que pensava no consumismo e alienação, em matéria de arte, de belo, de música, e que criticava a sociedade atual, que tudo vende, tudo compra, tudo tem preço:
"Sua alienação do humano desemboca na absoluta docilidade em relação à uma humanidade metamorfoseada em clientela pelos fornecedores". (ADORNO, 2002)¹

Hoje tem preço para tudo...
Para hora ganha, para hora trabalhada, para todo mundo.
Para o pai que sai sedo trabalhar, para a mãe que dá duro para sustentar...
Até para o tempo que se ganha brincando, no chão, a gargalhar.
Falta tempo para sonhar!

Que tal Conceição? Ficou melhor assim?

Alienar, consumir, comprar...
Contra sonhar, conquistar e viajar...
Fornecer, pagar, padronizar...
CONSUMIR e ALIENAR!


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¹ ADORNO, T. W. Indústria Cultural e Sociedade. Editora Paz e Terra S/A. 5ªEdição. São Paulo. 2009. Pg. 52

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

BARULHO LÁ FORA


Está escutando? Ouvindo, talvez? Percebendo algum ruído?

Em casa tranquilo, muitas vezes perdendo-se em tantas programações e tarefas, não consigo escutar.
Ouvir os pássaros, ouvir o vento, ouvir o vizinho a chamar.
Ouvir barulho de carro, de avião, de correria e confusão...
Escutar diversos sons que nos aparecem de supetão.

No conforto de casa não é possível ver, mas é preciso ouvir esse clamor...
Daquele que mora na rua, que se cobre com papelão, que luta por amor,
Respeito, solidariedade, um abraço, quem sabe uma oportunidade?
De fazer diferente, de sondar outros mundos, de viver sorridente...

As vezes paro para ouvir, esse barulho ensurdecedor, que nos tira o sono, nos tira o calor...
O barulho das ruas, da confusão... O barulho de tiro, bomba e opressão...
Barulho de sonhos que se escondem atrás das cobertas, encarando a realidade, mas sempre alerta,
Correndo do frio, do susto e da confusão... São eles que mais sofrem discriminação.

Marginal, bandido e salafrário...
Ou somente um mendigo que não tem salário?
Não se encaixa no mundo corrido que temos,
Por serem excluídos, sonhando, enfermos.
Doentes de vícios, de fomes, de dores...
Doentes de falta de compaixão e amores.
Doentes de cólera de não consumir...
Não fazer crescer a economia, só ver sumir.
Sumir as vontades, as lutas, as glórias.
Sumir nas noites, deitados em escoadouros,
Largados, perdidos, oprimidos.

Ouvir o som das ruas...
Ouvir os sonhos nas luas,
Compartilhar momentos de ardor,
Correr a caminho do pobre sofredor.

Aquele que grita, em silêncio, para não atrapalhar,
O sono profundo que tenho em meu lar.
Dificilmente consigo dormir sem escutar,
O barulho lá fora, a gritaria, o ronronar.
De alegria o gato a miar?
Ou de dor de barriga, fome que corrói a esculhambar?
Barulho de gritos, calados, sem pronunciar,
Um simples compasso, desse mundo corrido, que nos vai matar.

Tem gente gritando, sem ser ouvido, sem ser tocado.
Tem gente que morre, sem ser sentido, atordoado.
De fome, de frio, de sede ou miséria.
De falta de amor, carinho e misturas,
Do prato que é jogado fora, saciado desperdiçado,
Poderia tirar o grito entalado, enlatado, encrustado, esfomeado...
Do pobre que sofre, que mora nas ruas...
A duras penas de vidas bem cruas.

Quem não ouve esses gritos se deixou levar...
Pelos relógios dos tempos que não param de girar,
Nos levam para algum lugar?
Daqui ninguém sai vivo, por que não ajudar?
Ou pelo menos se lembrar, na hora de deitar,
Que o BARULHO LÁ FORA vai demorar a parar!