quinta-feira, 21 de novembro de 2013

TRÂNSITO

Impossível viver num grande centro urbano, numa cidade grande, e não se deparar com o trânsito que acomete estas cidades nos horários de entrada e saída de trabalhadores.
 
Desde as sete horas da manhã já é possível perceber um movimento intenso nas grandes avenidas das cidades aonde moramos. Próximo ao meio dia o número de carros volta a ser grande, mas ainda contido se comparado com o primeiro momento em questão.
Ao final da tarde é inusitado... No período entre cinco e sete horas da tarde o movimento é frenético.
Carros, luzes, motos, ônibus, semáforos e buzinas se encontram num emaranhado de movimentação e estabilização que não tem ordem, ou se ordena de forma bagunçada.
 
Alguns gritos, outras buzinas, muitas pressas e poucas conversas.
Algumas pessoas se irritam, outras nem ligam...
Algumas ligam para os parentes a avisar o atraso,
Muitas não tem para quem ligar, e se embalam.
Embalam-se nas músicas, nos livros, nos planos...
 
E se eu virasse aquela esquina? Será que mais rápido chegaria?
E se eu tivesse saído mais cedo? E mais tarde? E não saído?
E se eu tivesse ido de ônibus? E se eu tivesse ido de carro? E de moto?
A pé, quem sabe? Bicicleta eu não tenho, então não me resta essa oportunidade...
 
Retrovisor avisou que mais um quer ultrapassar...
Passar para onde? Ultra passar o quê? Ultra assar aqui com a gente, isso sim.
E agora vem a ambulância, essa consegue passar...
Se eu gritar imitando a sirene, será que consigo enganar?
Melhor nem tentar, preciso desestressar.
 
Ligo o rádio, como uma fruta...
Olho para o lado, conto as nuvens...
Pinto mentalmente o carro da frente de outra cor,
Reflito lentamente o quanto tempo perdido...
Quantas coisas poderia fazer nesse tempo,
Quanto tempo poderia ganhar se tivesse outra forma de chegar.
 
Olhando para o lado eu penso que todos estamos no mesmo barco.
Alguns com seus problemas em casa, querendo resolver...
Outros fugindo de casa, tentando absolver.
Muitos indo trabalhar, outros voltando ao seu lar,
Alguns caminhando calmamente lá fora: será que estão a endoidar?
É perigoso ir de ônibus, muito menos caminhar!
Será?
 
Algumas pessoas se maquiando, outras enamorando...
Muitas destas pensando o quanto se perde nesse lugar.
O importante é não esquentar a cabeça, não se desesperar.
 
Observo muitos carros com uma pessoa apenas,
Será que nem o vizinho eu posso ajudar?
Uma carona, uma parceria, rachar o combustível, pode ajudar?
Não sei, melhor não arriscar.
E se estiver de ônibus, não tem como podar...
É preciso esperar o ponto, não tem como pular!
Calma, está chegando...
Ah não! Mais um carro enguiçado? Um caminhão quebrado?
Um motoqueiro caído, uma mulher chorando, uma criança gritando, vou me atrasar!
 
Quero me livrar logo disso, chegar em casa e meu tempo ganhar...
Pra gastar com outra coisa... Um banho, uma novela ou na internet...
Pelo menos tem um blog legal para ler hoje.
Engraçado, falou do que eu havia pensado desde a hora que saí de casa...
Como ele sabia?
 
Sabia, com certeza, porque faz parte disso também...
Duvido que ele tenha um helicóptero e esteja vendo tudo isso lá de cima, sem participar.
É! Não tem como escapar! Morar em grandes cidades é transitar...
 
Transitar já não é mais passar por certo lugar, mas é estagnar, parar, congestionar.
Transitar não é movimento, é parada, esquecimento...
É perder esse momento!
 
Na atualidade é natural notar tudo isso...
Gente sozinha, em seu mundinho... no seu carrinho, indo a caminho...
Caminho de seus sonhos, seus planos, seus afazeres,
Fugindo de outros que não conquistou, deixou passar a oportunidade,
Poderia estar parado, estagnado, impossibilitado,
Poderia estar correndo, buscando chegar... Aonde?
 
Não adianta, parou de novo, transitou, aglomerou.
Sozinho eu vou...
Seguindo nesse TRÂNSITO da vida...
 
Partiu, parar por ali, até mais...

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