segunda-feira, 11 de novembro de 2013

EUFEMISMO e o Ensino Público

Refletir, pensar, filosofar, devanear, eis a questão.
Que questão é essa que nos faz pirar?
Que questões são aquelas que nos pedem para pensar?
Solucionar? Nem sempre! Avaliar? Talvez.
Devanear? É o que temos para hoje!

Numa aula qualquer, em uma escola qualquer da rede pública de ensino, do Estado de São Paulo, vivia feliz um estagiário de Filosofia. Assistia as aulas de História e Sociologia. Gostava de participar.
Sonhava com o dia em lecionar e por isso, em alguns momentos, interrompia para questionar a professora que demonstrava muita atenção pelos seus alunos, no período noturno daquela escola.

Muitos alunos cansados, trabalham o dia todo, e nesse calor é muito difícil prestar atenção.
A professora trás textos, músicas, filmes, discussões.
Trás alegria, trás fotografias, um livro aberto, motivações.
Também trás a angústia de querer transformar, e até solucionar, o sistema de "educações".
Fugir do marasmo, contar ao contrário, pensar diferente, cuidar de corações.

Numa dessas passagens, sorridente estava o estagiário, acompanhando a professora de língua portuguesa.
Logo percebeu que vocação não tem, vontade porém é pior, necessidade de auto afirmação e uma gritaria que não tem por igual.
Comparações desnecessárias de turmas, com falácias de persuasões que só convencem os mais desligados, que estão nesta hora dormindo encostado nas carteiras, depois da labuta de seus dia a dias.
É certo que a zoeira que a juventude apronta na sala de aula as vezes faz o professor perder a cabeça.
Mas será que essa cabeça quer pensar algo diferente para eles não zoar?
Ou quer robotizar? Coloca-los todos numa caixa a pensar por igual?
Sei não... As vezes quero evaporar!

O que é EUFEMISMO professora? - perguntou a aluna
E o dicionário buscou... - a professora
O quê? Pergunta o estagiário em seu pensamento, num devaneio de conversas consigo mesmo enquanto observa de longe tudo que acontece na sala...
O celular que a outra aluna está usando deve ter internet, será que ela não consegue buscar? Em qualquer "google" da vida se encontra essa resposta. Não é tão difícil.
Mas é preferível gritar para que essa aluna desligue o aparelho, que na verdade vai para baixo da carteira, ainda utilizado para "whatzappear" (para os leitores mais velhos, whatsapp é um aplicativo para os smartphones que se pode falar com amigos por mensagens utilizando da internet).

Voltou a professora, com o dicionário na mão, Eufemismo é "falar algo diferente do real".
A aluna volta para o seu lugar sem nada entender, afinal não era isso que o google lhe havia mostrado nesse meio tempo entre ida para a biblioteca buscar dicionário, gritaria na sala, bola de papel voando e perguntas ao estagiário.
Numa busca rápida no dicionário Priberam da língua portuguesa se pode encontrar: " Figura de estilo com que se disfarçam as .ideias desagradáveis por meio de expressões mais suaves (ex.: a expressão "ir para o céu" é um eufemismo para "morrer")."¹
Então não é falar algo diferente do real, é só amortecer um pouco a ideia, o pensamento, ou até mesmo o estresse gerado por tal.
Afinal, ir para o céu é muito melhor nessas horas do que ver isso acontecer aos jovens que nesta escola aprendem a falar, escrever e pensar com uma professora assim.

Se não fosse a matéria dela, ou da série em questão, o questionamento seria em vão.
Mas por se tratar de perguntas diretas, com vontade de aprendizado, o aluno não pode sair perdendo.
É necessário entender o contexto, o propósito, a necessidade.
Mas foi de um texto copiado por ela, para exercícios que valem nota, um passatempo original daqueles que não querem preparar aula, servir aos jovens ou pensar algo legal.

Seria muito difícil compreender que se ensina com os exemplos, com as vontades diferentes, com a evolução?
Seria muito difícil entender que a necessidade de se ensinar é conjunta a vontade de se aprender, e vice-versa?
Seria muito difícil compreender que se quiser silêncio é necessário antes de tudo respeitar o barulho que se faz e aprender com ele?
Gritar não vai adiantar. Xingar menos ainda. Comparar então, nem se fale.
É necessário reestruturar, reorganizar, refazer, reencontrar com o que é melhor, mudar.
Cambiar, trocar, fazer de outra forma, não parar.

Estagiário continua firme, confiante em fazer diferente, apoiado em professores que estão fora da caixa, que pensam a mudança, que assumem liderança.
Neste meio tem muito disso e pouco daquilo.
Disso que faz bem, cativa, acompanha.
Daquilo que ignora, ganha seu tostão e cai fora.
Disso que muda a vida, abraça, chora junto.
Daquilo que finge não acontecer, amortece, distancia.
Disso que temos de melhor e precisamos fortalecer.
Daquilo que é necessário jogar foda, cortar pela raiz, apodrecer.
Disso que queremos mais.
Daquilo que não queremos nem pintado de ouro.

Eufemismo não usei para descrever.
Ensinar é preciso. Publicar também.
Ensinar o Público, motivar a mudança, anunciar.
Transformar... Educar.

EUFEMISMO e o Ensino Público é isso... Uma ideia que se quer diferente... Um "ir pro céu" que não se quer "morrer".
Não deixem morrer, por favor!

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¹ http://www.priberam.pt/dlpo/eufemismo

3 comentários:

  1. Visto que o texto almeja o questionamento, aí vai: Os alunos são desinteressados devido às aulas chatas e aos professores desmotivados ou as aulas são chatas e os professores desmotivados devido ao desinteresse e indiferença dos alunos? Como anda nossa sociedade? Qual o papel e a importância que a escola e a Educação ocupam em nosso mundo?

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  2. Daísa, me questiono todos os dias, com as mesmas perguntas. Obrigado por partilhar. Quem acha de fazermos um artigo sobre esse assunto em parceria?

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    1. Bora escrever. Mais um assunto para conversármos. Haja artigo, não?

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