segunda-feira, 26 de agosto de 2013

CAFÉ com MENDIGO

Agradeço aos admiradores do blog, que comentam, participam e divulgam. Espero sempre contar com a ajuda de vocês para a página e crescimento pessoal nas trocas de ideias que fazemos por esses momentos.
 
Hoje, mais que uma crônica ou poesia, ou qualquer coisa do gênero, gostaria de partilhar com vocês uma grande experiência que tive há umas semanas atrás e refletir sobre outros acontecimentos.
 
A caminho do centro da cidade, com fome, paro numa cafeteria para comer algo.
Antes de entrar, noto um jovem lendo o jornal que o dono do estabelecimento deixa pregado na parede do lado de fora.
Se une a homens de terno, que passam correndo atrás do seu expediente, numa paradinha rápida para ver as manchetes do dia.
Observa-me entrar, mas fica parado...
Vejo ele olhar, mas nada faço.
 
Estava com minha mãe, não estava com pressa.
Comemos, conversamos, mas algo me angustiava:
Aquele jovem devia ser mais novo que eu!
 
Não conseguia comer direito pensando que ele poderia estar com fome também, mas me contive em conversar com minha mãe, mantendo o ritmo do dia que estava por começar.
 
Ao sair, fomos surpreendidos...
Ele notara que eu o tinha fitado, e o percebido.
Na rua é assim, eles sabem caçar aos olhares daqueles que têm compaixão, dos que se afrontam como animais, em busca da sua individuação.
 
- Amigo? Teria um trocado para eu tomar café? - Perguntou o mendigo
Respondi cuidadoso com um "vamos ali dentro que eu lhe compro um".
 
Entramos no estabelecimento, e fomos bem atendidos, a princípio.
Um café e um pão de queijo, ele pediu. E a atendente sorridente forneceu as fichas.
O troco segurei em minha mão. As fichas entreguei a quem pertencia: Danilo é seu nome.
 
O pão de queijo dele veio num saquinho de papel, enquanto o meu, recém pedido há alguns minutos para a mesma moça do balcão, veio em um pratinho, com guardanapo, muito melhor apresentável.
O café não veio na xícara, como dos outros homens de terno que estavam encostados no balcão, e sim num copo plástico.
Mas me surpreendeu um leite que foi oferecido, sem ter sido pago, por outra atendente, que lhe colocou no mesmo copo e o deixou agradecido.
 
- Vamos sair. - Disse Danilo.
- Acredito que não precisamos. - Respondi - É meu convidado. Podemos ficar!
 
Conversa vai e vem, desvios, murmúrios e olhares de quem me condena julgando estar errado meu cuidado com um estranho.
Então melhor eu conhece-lo. Assim, estranho serão esses olhares que nos fitam como demônios enfurecidos.
 
Pois é, quebramos uma lógica daquele estabelecimento.
Quem pode pagar senta para o café tomar.
Quem não pode, se esconde na sarjeta até uma boa alma passar.
Quem pode pagar torce o nariz com o cheiro do ser humano que não toma banho há tempos, morando na rua.
Quem não pode, segura o que tem para um próximo prato de comida, um banho na rodoviária, um olhar carinhoso de outro alguém... Que as vezes pode, mas nem sempre consegue, pagar.
 
Quem pode pagar se acha no direito de questionar,  então, como foi eu quem paguei a conta, questiono também:
- O que que tem tomar um café com Danilo? O cheiro não agrada? Eu não senti, só vi o sorriso!
Vi também que ele tinha um olho de vidro, e fiquei imaginando o quanto ele já não tinha visto nessa vida, com o outro que lhe era bom.
Questionei os olhares e as torcidas de nariz.
Questionei o papel de embrulho, o copo de plástico e o leite ganhado.
Questionei e ainda questiono: - O que tem isso, de errado?
 
Errado não é dar o que comer aos que não tem, e isso também não é algo para se exaltar.
O que é errado mesmo, é ter pessoas sem comer, enquanto outras jogam comida no lixo, a se esbanjar.
Errado não é o cheiro, a coberta empoeirada, o cabelo despenteado, o palavrear enroscado.
Errado mesmo é nesse frio, ter quem durma no sereno, deitado no chão gelado.
E o banho, quando vai tomar? "É oito reais na rodoviária".
E o seu quanto vai custar? Não sei, papai que paga!
 
Muitas coisas eu questionei...
Outras tantas me respondi.
Algumas não encontrei,
Outras até me escondi...
... de vergonha!
 
Vergonha da sociedade que acha normal ter gente na rua...
Que tem coragem de dizer que estão lá porque gostam, porque escolheram.
Não sei se é escolha viver sem um teto, sem uma roupa, sem uma cama, sem comer, sem beber, sem um banho ou uma poltrona.
Fugindo do frio, da chuva e do vento, caindo no relento, se tornando esquecimento.
 
E isso me faz questionar.
Mas acima de tudo avaliar.
Será que vou ficar sentado, vendo a vida passar?
Ou essa realidade vou ajudar a mudar?
Um café não muda nada... Uma conversa talvez...
Se não parasse para tomar o café, não saberia seu nome, sua vida, sua parada.
Seria mais uma vida, na rua, largada.
 
Eu seria outro alguém...
Daqueles que torcem o nariz.
Mas prefiro tomar um café com mendigo,
Isso me faz muito feliz.
 
Quando tiver a oportunidade, faça isso também...
Não se deixe ser refém dessa sociedade injusta,
Se acredita em mudança, vamos fechar com a gente.
E fazer desse mundo, algo bem diferente!
 
Até mais breve, num café por aí...
É fácil me encontrar, procure por um mendigo, um cobertor fedido, uma vida em mudança.
Estarei ali, acreditando, com esperança.
Conhecendo o ser humano, transformando em amigo...
Quando puder, tome um CAFÉ com MENDIGO!

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

(DES) PADRONIZAR

Em meios aos devaneios e pensamentos, filosofias e sonhos, busco encontrar algumas soluções.

imagem tirada da internet.
Muitas vezes não cabem a mim, outras não vou encontrar... Mas parar de lutar? Isso nunca!

Hoje vamos refletir um pouco sobre a necessidade de padronização.


Vagando pela internet, recebo esta imagem (ao lado) de uma amiga que sempre compartilha pensamentos interessantes no "Facebook" e que diversas vezes me faz refletir intensamente.

Recebo um e-mail de um grande amigo, com o título "Estão lixando a nossa alma enquanto a gente se diverte", com um texto de mesmo nome e autoria de Edival Lourenço.

A vontade de falar sobre o assunto já me seguia por alguns dias, quando refletia sobre o tema que iria conversar com vocês. E é muito interessante como as coisas vão se encaixando e somando.

Padronizar? Ou Despadronizar? Eis a questão!

Na sociedade contemporânea em que vivemos tudo é padrão.
Temos que lutar para se encaixar em todos os nomes que querem nos dar.
Alto, baixo, branco, azul, negro, mulato, gordo ou magro.
Tanto faz! O importante é padronizar.

Padronizam a nossa roupa, é necessário se encaixar.
Padronizam o nosso jeito de falar.
Padronizam nossa luta, nosso sonho, nosso viver.
Padronizam até a forma da gente crer.

Padronizam a cor das coisas, mas não se importam com quem não consegue ver.
Padronizam a forma de vestir, mas não se importam com quem não tem o que lhe servir.
Padronizam o horário de acordar, mas não perguntam ao sol se é hora de levantar.
Padronizam a maneira de guiar, mas não se perguntam qual a forma de amar.
É necessário padronizar, até o jeito de sonhar.

As mulheres sofrem mais com isso, pois é necessário estar em forma.
Em forma de modelos, de ideias a seguir.
Será mesmo que é preciso se padronizar para sentir?

Use essa roupa, vista essa calça, compre esse aparelho.
Corra na esteira, some o seu dinheiro, compre mais um pouco.
Viaje para longe, gaste mais um pouco, não olhe no espelho.
Está errado seu cabelo, corta essa barba, arrume esse corpo.
Fale mais baixo, aperte mais o cinto, arrume o aparelho.
Seu dente é torto, sua boca pequena, seus pés enormes.
Sua cintura está larga, quem vai te querer?
Seus músculos não são torneados, como vai viver?
E se não tiver o melhor celular, como vai se encaixar...
Nessa sociedade estranha, que nos quer padronizar?

Nesse mundo de padrões, todos vão se transformar...
Em escravos dos patrões, muitas vezes sem somar,
Para cumprir com os padrões, muitos vão até roubar,
Mas não toca nisso não, se não vão te julgar...
De maluco, maconheiro, de comunista ou baderneiro,
Não se pode nem se perguntar:
- Porque uns tem e outros não, nesse mundo, sem lutar?

E não é ter padrão não, é o mínimo de sobreviver...
Uns moram em castelo outros não tem o que comer!
Mas o que importa mesmo é em que grupo você se encaixa...
Quando compra outro gadget. Tira logo ele da caixa!
Use essa roupa, vista essa calça, compre esse aparelho, anda logo, vem, se encaixa!

Se eu quiser ser diferente, posso até ser mal tratado...
Pelos velhos, pelos novos, pelos jovens e mal educados,
Que não pensam no próximo, como um a mais que soma,
Mas se colocam em enfrentamento quando ao padrão não se ama.
Parece até Extraterrestre, monstro de outro mundo,
Quando o padrão é ser feliz e não se iludir com esse absurdo,
De padronizar tudo, até o muro que separa,
E não se deixar viver, sem arame, sem amarra...
E se eu quiser ir contra? Vão me chamar de quê?
Sonhador, louco ou até ET?

Não preciso de seus rótulos, muito menos de pressão...
Para mim vale mais um sonho, uma busca em união,
Com amigos sonhadores, que não aceitam padrão,
Aqueles bem loucos, foras da situação!

Compra logo esse carro, monte logo esse apartamento, e não saia desse lado, não se ponha em enfrentamento.
Some logo esse cartão, compre logo mais um montão, nem pense nos seus juros, muito menos na manipulação...
O que importa mesmo é se encaixar nesse padrão!

É incrível como isso incomoda muita gente,
Que não consegue entender, que a gente é diferente!
Nascemos todos únicos, mas o mundo nos iguala,
Querem até mandar na gente, em qualquer ponto se entala...
E enlata, e lhe dão uma enrabada!

Se você não faz parte disso, bate aqui na minha mão...
Vamos juntos mudar o mundo, essa tal situação,
De gente que se mata, para entrar nesse padrão,
De mídias que não se importam nem com a sua comoção!
São senhores e senhoras, que só querem sem dinheiro...
Padronizam até o jeito que temos que ir no banheiro.
Use essa calça, compre esse batom, vista essa meia, some nesse cartão.
Viva essa marca, sem conteúdo e sem emoção...
Não pergunte porque, só se encaixe no padrão!

Eu não uso a mesma calça, não corro na mesma esteira...
Não me iludo com esses sonhos, de consumo e bebedeira!
Remo contra a maré, em busca de um sentido,
Mas que muitas vezes é contra o relógio, contra o mundo.
E não me importo com isso, e não vou me amedrontar...
O que eu quero mesmo, é DESPADRONIZAR!



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

ALARGAR a VIDA

Motivado por uma conversa com Mario Sergio Cortella e Terezinha Azerêdo Rios, no lançamento do livro "Vivemos Mais! Vivemos Bem? Por uma vida plena"¹, que na minha opinião são espetaculares, compilo este devaneio.

Aliás, devanear sobre esse tema condiz muito com o que ele quer expressar.
Aliás, alargar sem devanear é esconder-se atrás de si, sem somar, sem caminhar.

Alargar é verbo que exprime a necessidade de se expandir.
Tornar mais largo, "enlarguecer"... Se é que podemos criar essa palavra. ²

O sinônimo é afrouxar... Tirar as amarras.
O contrário é apertar... Fechar as comportas.
O correto é alargar... Para tornar mais largo.
O sonho é conquistar... Uma vida larga para amar!

Vivemos mais... Isso é uma prova.
Passados muitos anos, muitas gerações, muitas explicações, notamos que o ser humano hoje vive muito mais do que antigamente.
Viverei, portanto, mais do que a geração que me antecedeu.
Mas será que viverei melhor?

Vida comprida... Longa, grande...
Será que cumprida? Larga, que expande?
Vida sofrida, com muitos afazeres...
Muitas guerras, muitas lutas, buscando outros ares.

Quando penso sobre isso, reflito o tanto que podemos viver mais.
Sabendo que vamos chegar, expandir, encontrar.
Sabendo que vamos correr atrás, cada vez mais, sem pestanejar.
Mas será que vamos encontrar?

Não é difícil acreditar neste sonho.
Mas é difícil coloca-lo em prática.
Neste sistema tão triste e medonho.
É necessário ficar meio apática?
Tornar a vida mais comprida, bico fechado, aceitando.
Não pode questionar o governo, o patrão ou o encanto...
Que me faz acreditar em prantos, toda mídia, todo dinheiro.
Que se encanta às vezes, neste mundo corriqueiro.

Embora a luta é viver mais, nem sempre vivemos bem.
Os sonhos não podem esperar, neste mundo que vai e vem.
A única hora que se pode mudar, é agora, não deixe passar.
Não se pode parar de pensar, é preciso se fazer alargar.

Alargar a vida, expandir seus sonhos.
Construir novos ares, abrir novos caminhos.
Sentar no banquinho pra ver passarinhos,
Levantar rapidinho dos grandes tombos.
Isso é seguir caminhando, sonhando, vivendo.
Alargando as estradas, sem passar correndo.
Não se deixando levar pelos maldizeres corriqueiros,
Acreditando alcançar, sem precisar ser o primeiro.

Caminhar, cantar, e seguir a canção.
Sonhar de mansinho, realizar seu caminho, alargando o clarão.
Sentar com Pernas de Índio, em Roda, para ver o Pôr do Sol
Passar sobre A Ponte, sem deixar que se aponte o final.

É importante pensar, que se vai chegar longe.
Mas será que se importa em viver como monge?
Alargando a vida, que nos passa corrida...
Esquecendo a guarida, se deixando levar.
É necessário "enlarguecer", não deixar de sonhar...
Para não enlanguescer, vendo a vida passar.
Vamos sonhar depressa, ligeiro com a vida.
Se alargando estamos, não nos passa corrida.
Caminha tranquila, pelos longos caminhos.
Observando as aves e os brancos rebanhos.

Será mesmo que não devemos ALARGAR a VIDA?

¹ http://www.portalcbncampinas.com.br/?p=54608
² http://www.dicio.com.br/alargar/

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

FRONTE de BATALHA

Primeiramente gostaria de agradecer todo carinho que tenho recebido de leitores assíduos do blog. Espero poder sempre ajudar em algo e tornar da leitura de vocês algo prazeroso e desafiador, utópicos e reais, mas ao mesmo tempo atemporais.

Minha postagem de hoje é algo um pouco mais profundo, mas não deixa de ser um devaneio, uma utopia ou um sonho.
Poder observar a batalha diária, os caminhos a percorrer e o que isso nos torna quem somos.
Filosofar um pouco sobre toda essa transformação pessoal em que passamos, e jogar algumas ideias sobre o controle de vida, o sentido que damos a tal, e as batalhas que temos que enfrentar para sermos nós.

Fronte é frente.
Fronte é a parte superior do rosto, também.¹
A fronte é a primeira impressão,
é o primeiro olhado,
é o primeiro a levar o tiro,
é o primeiro a ser tratado como bandido,
é o primeiro a ser frente...
ou fronte.

Fronte lembra testa, fachada, cara.¹
Fronte lembra forte, torre, estrada.
Lembra batalhas, guerras, granadas,
lembra também sonhos, palavras cruzadas.
Lembra uma fonte, daquelas de jogar moedas,
um pequeno pedido, uma fé escondida, uma janela...
Sai um peixinho, uma luz amarela,
ou somente uma lembrança daquelas estradas?

Estar no fronte é tomar na cabeça,
Correr em direção à luta, sem perder a esperança,
Caminhar cabisbaixo, voltar com lembrança,
Realizar os sonhos, subir nas carcaças.

Cada um conhece o que é de si,
Conhece seu ser, sua luta, sua vida
Conhece suas glórias, vitórias, alerta,
Conhece batalhas, guerras, granadas.

No dia-a-dia do mundão,
Vemos pontes, caminhos e caminhão,
Vemos crianças caminhando, senhoras chorando e avião,
Vemos sonhos, fachadas, confusão,
E vemos também no fronte e o soldado na solidão,
Com seu fuzil na mão, seu terço ou Alcorão,
Pode ser de noite, madrugada ou sob o "solão",
Só não pode desanimar, o "vida loka", a União!

A batalha é diária.
Contra a fome, contra a sede, contra o frio,
Contra o crime, contra o descaso na educação,
Na saúde, na ordem e progresso, só corrosão,
Caminhos fechados, sonhos guardados,
Granadas estourando, ruas fechadas, caminhos solitários.

No ônibus, no carro, na moto, no caminhão,
Caminham sozinhos, sonhos fechados no camburão,
Na frente da briga, defender uma amiga, arrastão,
Na luta por direitos, cravados no peito, manifestação.

Esse é o Zé, o João, o Robesvaldo da padaria.
A dona Ana, Helena da Silva, ou Maria.
Todo mundo junto, na sua fronte, de frente, sem medo.
Enfrentando o dia-a-dia, caminhos compridos, marmita fria.

Esse caminho não tem solução,
É filho chorando, por causa da febre, "judiação".
É mãe correndo pra comprar o bife.
É pai sumindo sem assumir o rifle.
É irmão estudando, pra dar futuro pra família,
É filhos cobrado, cobrando o descaso da política.

Na batalha do brasileiro não tem filme de ficção,
Não tem carro blindado, sonho guardado, ou avião,
Só tem a guerra, luta constante, "malcriação",
"Busão" lotado, criança chorando, confusão!
E a conta quem vai pagar? Eu não?

Estar a frente da batalha da vida é isso...
Correr atrás do prejuízo, dormir tranquilo, só sorriso.
Caminhar de cabeça erguida, dia a dia, sol a sol.
Levanta cedinho, corre para o ponto, pegar "busão".
Sorriso no rosto, bom dia amigos, vamos batalhar.
No fronte da vida, quem tem corrida, vai trabalhar.
Dar tranquilidade para o filho estudar, caminhar e sonhar,
Acredite, você pode alcançar!

Batalhamos juntos, em frente ao fronte,
Carregamos sonhos, armas de guerra, que nos dão liberdade...
São livros, ferramentas, uniformes e tranquilidade,
Enfrentar os leões que nos fortalecem nessa estante.
De sonhos, coragens e validação,
Caminha fechado, no seu mundo calado, o cidadão,
Vai pro trabalho, enfrentar a guerra.
Caminhar na batalha, sentar no fronte.

De frente, com cara, não se esconde não.
Olhos vidrados, caminho traçado, arrumação.
Parte pra luta, o "vida loka" da União,
Caminha correndo, vai para o fronte, é hora da ação.
Levanta cedinho, pega carona com caminhão,
Volta correndo pra ver a novela na televisão.
No meio da luta esquece do sonho, pois passa o tempo...
Esquece a vida, os filhos, quando que é bom.
Sonhar de novo, muita demora, eu vou pro chão!
Dormir, que no outro dia, tem que bater cartão.

Corre para o fronte, garoto que sonha, adulto que apanha.
Na batalha da vida, só quem é sabe o quanto custa,
Pra passar cada dia, na labuta, na luta...
Correr para o trabalho, sonhar com o horário, comer apressado, viver apertado.
Olhar do fronte, o campo de batalha, mas não ter força para voar acordado.
Hora de ir pra cama, "tô" atrasado, amanhã o galo canta...
Cedinho, sem deixar sonhar o trabalhador, criança pra creche,
Vamos para o fronte, guerrear, que a semana vai passar.

Eu vou, dia a dia, caminhar...
Mas nunca deixar de sonhar,
Na batalha da vida, só luta quem sonha, só brinda quem briga...

Caminha para o fronte, e vê se deixa de enrolação!



¹fronte: http://pt.wiktionary.org/wiki/fronte