segunda-feira, 7 de outubro de 2013

BARULHO LÁ FORA


Está escutando? Ouvindo, talvez? Percebendo algum ruído?

Em casa tranquilo, muitas vezes perdendo-se em tantas programações e tarefas, não consigo escutar.
Ouvir os pássaros, ouvir o vento, ouvir o vizinho a chamar.
Ouvir barulho de carro, de avião, de correria e confusão...
Escutar diversos sons que nos aparecem de supetão.

No conforto de casa não é possível ver, mas é preciso ouvir esse clamor...
Daquele que mora na rua, que se cobre com papelão, que luta por amor,
Respeito, solidariedade, um abraço, quem sabe uma oportunidade?
De fazer diferente, de sondar outros mundos, de viver sorridente...

As vezes paro para ouvir, esse barulho ensurdecedor, que nos tira o sono, nos tira o calor...
O barulho das ruas, da confusão... O barulho de tiro, bomba e opressão...
Barulho de sonhos que se escondem atrás das cobertas, encarando a realidade, mas sempre alerta,
Correndo do frio, do susto e da confusão... São eles que mais sofrem discriminação.

Marginal, bandido e salafrário...
Ou somente um mendigo que não tem salário?
Não se encaixa no mundo corrido que temos,
Por serem excluídos, sonhando, enfermos.
Doentes de vícios, de fomes, de dores...
Doentes de falta de compaixão e amores.
Doentes de cólera de não consumir...
Não fazer crescer a economia, só ver sumir.
Sumir as vontades, as lutas, as glórias.
Sumir nas noites, deitados em escoadouros,
Largados, perdidos, oprimidos.

Ouvir o som das ruas...
Ouvir os sonhos nas luas,
Compartilhar momentos de ardor,
Correr a caminho do pobre sofredor.

Aquele que grita, em silêncio, para não atrapalhar,
O sono profundo que tenho em meu lar.
Dificilmente consigo dormir sem escutar,
O barulho lá fora, a gritaria, o ronronar.
De alegria o gato a miar?
Ou de dor de barriga, fome que corrói a esculhambar?
Barulho de gritos, calados, sem pronunciar,
Um simples compasso, desse mundo corrido, que nos vai matar.

Tem gente gritando, sem ser ouvido, sem ser tocado.
Tem gente que morre, sem ser sentido, atordoado.
De fome, de frio, de sede ou miséria.
De falta de amor, carinho e misturas,
Do prato que é jogado fora, saciado desperdiçado,
Poderia tirar o grito entalado, enlatado, encrustado, esfomeado...
Do pobre que sofre, que mora nas ruas...
A duras penas de vidas bem cruas.

Quem não ouve esses gritos se deixou levar...
Pelos relógios dos tempos que não param de girar,
Nos levam para algum lugar?
Daqui ninguém sai vivo, por que não ajudar?
Ou pelo menos se lembrar, na hora de deitar,
Que o BARULHO LÁ FORA vai demorar a parar!

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