quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

CHUVAS de VERÃO

A completar muitos ciclos, rever algumas notas que não afinam mais, reorganizar algumas ideias, modificar algumas estações e procurar uma que nos faça caminhar para frente, resolvi alterar algumas coisas, reordenar outras e podar aquilo que não me ajudava mais... E crescemos.


Passaram estações, mudaram algumas coisas, somaram-se anos.
E o verão chegou, e o calor queimou, e o sonho se realizou.
Mais um ano começa, algumas lutas se ingressam, mas será que tudo mudou?


O calor que nos aquece durante o dia, para a piscina e o futebol,
já não agrada muito a noite, a molhar o lençol.
Esse calor que aquece a pele morena, que faz pegar uma "corzinha" na praia, também enlouquece aqueles que o esgoto não trata, que o riacho passa atrás da casa...


O calor que dá luz, energia e força, também trás alegria,
A luta cotidiana, cansa a vida, sua a camisa...
O trabalhador brasileiro, sem tempo para o futebol e a piscina, corre atrás de pagar o pão, o queijo, a farinha...
Queimando no sol, sem protetor nem sombrinha, sem água fresca, sustenta a sobrinha...


No fim de tarde tem cerveja gelara ou "tubaína", tem pão com mortadela, patê de sardinha...
O horário é maior, para aqueles que praticam esporte...
Mas pegar o "busão", nem sempre é ter a mesma sorte.


Aproveitar as férias, brincar com os vizinhos,
Banho de mangueira, correr no parquinho...
Andar de skate, bicicleta "sem rodinha",
Caminhar no bairro, ou "dar uma corridinha".


Mas no fim de tarde vem a confusão...
Ouviu-se um trovão, um raio caindo no chão...
Correria, bagunça e baldeação,
Será que vou chegar em casa e salvar meu fogão?
É a mesma ladainha de sempre, para quem vive essa situação!
Promete-se muito na eleição,
Mas na hora da enchente, "nego tá" no carrão,
Enquanto a gente se molha, salvando a roupa do corpo e o pão,
No dia seguinte, não tem conversa, tem que pegar condução...
E ir para o trabalho, alimentar o patrão!


Ano retrasado foi eleição, esse ano já temos confusão...
Não mudou muita coisa na cidade, tem muita alagação!
Tem gente sem água, sem luz, sem condição,
E tem gente que acha que isso é besteira, pura opção...
Morar no barraco, na rua de terra, pagar seus impostos, mas não ver quem supera...
Passar os anos e ficar na conversa!


Todo ano é a mesma coisa...
Toda chuva confusão.
Perderam os pertences, foram arrastados pela enxurrada...
E o dono o que disse?
Não viu nada!


Engolimos a mesma ladainha, a cada dia que passa...
Mas ficamos tranquilos, temos casa, terraço e vidraça.
Ajudar o próximo, que é isso? Pra quê?
Dar dinheiro para o pobre é sustentar bandido, não merecem viver!
Não tiveram garra, não lutaram, não merecem...
Pena que a luta deles, não se mede em quermesse.


Sempre que chega o verão, tenho muito nessa lambança,
Que não me deixa abatido, me encho de esperança,
Na luta do povo, que não se esconde na tristeza,
E levanta cedo, faxina a casa, sai com clareza,
No fim de semana tem churrasco na laje, aquela beleza!
Dando risada do próprio problema, da sua mazela,
Como é bonito, o verão na favela!


O importante é saber se proteger,
Dessas CHUVAS de VERÃO.



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