segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O ESTRESSE que precede o GOZO

Na antevéspera de uma data importante para o calendário Cristão, nada melhor que pensar um pouco sobre esse momento.

O dia que precede a festa do Natal é esperado há meses.
Com enfeites coloridos, que se misturam ao branco da neve que eu nunca vi de perto.
Lojas enfeitadas, corredores iluminados, árvores de natal.
Lojistas contratando trabalhadores temporários, jovens sem experiência, mas que compreendem a tarefa a fazer e dão conta.
Enfeites a colocar na vitrine, nas prateleiras, nas gôndolas, nos aparadores.
Cartazes a fazer, com o preço a motivar, a compra do consumidor, que passa a observar...

O Natal é cheio de emoções!

Há um mês foram tirados os nomes daqueles familiares que só vemos nessa época, para um tal de amigo secreto, ou oculto, depende da influência de sua família.
Secreto ou oculto, o importante é lutar antes do tempo para comprar o presente, tentar resolver todos de uma vez, para não sobrar pra última hora...
Filas quilométricas se juntam aos caixas, daqueles trabalhadores temporários que não tiveram a mesma sorte, e do outro lado devem estar, a ganhar, antes de gastar...
Cada um com seu embrulho aos braços, cartões para escrever, "notinhas" para colecionar...
Coloca tudo no cartão, de crédito mesmo, para o ano que vem, pagar.

Estacionamento lotado, carrinho abarrotado, lugar para parar? Melhor procurar sem estressar...
Não vai começar! Logo aqui fora, não é mesmo, meu bem? Ainda tem muito para andar, dentro do shopping, sem pestanejar...
Horas a fio, em pé, caminhando ou correndo, tentando escapar de filas, de preços, de confusão.
Voltar logo para casa, esticar as pernas, sentar ao sofá, assistir televisão.

Os preços não cabem no orçamento, mas temos que presentear a todos, não pode esquecer ninguém...
Afinal, Natal é época de felicitações, de amar o próximo, de fazer o bem.
Mesmo que esse bem se resuma em algumas notas a pagar no mês que vem...
Num dia só, que passa rápido, como qualquer outro.

O negócio é viajar!
Praia, campo ou casa da vó?
Qualquer estrada vai lotar, e mais contas a pagar...
A gasolina e o pedágio, aquele lanche na beira da estrada, água, refrigerante, sorvete...
Não esquece o presente que tem de levar!

Bons velhinhos somos todos neste tempo, mas nem todos vestem vermelho e preto.
Bons amigos, bons familiares, bons seres humanos.
Afinal, mesmo na ansiedade das compras de natal, o espírito é modificado, em direção ao tão esperado dia.
As filas lotadas e abarrotadas são superadas ao lembrar da madrugada que estamos a esperar.
O dinheiro gasto, o cartão usado, a viagem demorada é a parte do caminho da direção do que se espera.
Ver o parente distante, conviver com aqueles que não se vê, partilhar os almoços e jantares, os vinhos e os bares.

Infelizmente não para todos...
Alguns não compram presentes, não trocam carinhos, não comem pernil.
Outros não bebem vinho, não têm amigos secretos, nem amigos reais...
Caminham desconsolados, esperando um pedaço de pão, um copo de água, um aperto de mão...
Mas na confusão, não vimos, estávamos preocupados com o cartão.

E aquele menino que nasceu, para salvar a situação, as vezes é esquecido no comedouro em cima da mesa, juntos aos outros bonequinhos que completam o presépio.
Seus ensinamentos, suas conquistas, suas lutas e suas vitórias não constam nas notas fiscais, nos bonecos de neve, no velhinho do saco de brinquedos...
Muito menos no consumo que se tornou a sociedade, que se importa com sua vaidade, e consome o real, sustentando o capital.

Lucros, correria, pacotes fechados...
Salários baixos, cartões de crédito, cadeados.
Cuidado com o estresse, o médico recomendou...
Melhor mesmo é não esquecer o presente que comprou.
Entregar a todos, cumprir tabela, sorriso no rosto...
Virar a esquina, correr para casa, descansar.
Amanhã tem mais, é a véspera, casa a arrumar...
Parentes chegando, cerveja gelando, presente a embrulhar.
Embrulham-se os estômagos, da hipocrisia familiar...
Daqueles que nem se importam, mas compram lembranças, para o saco puxar.

No meu natal não tem presente, não tem enfeite, não tem confusão...
Fico mais com o gozo, do dia a dia, sem pestanejar.
Não tenho estresse, não tenho cartão de crédito, não tenho que me importar...
Agradar não vou mesmo, não sei dar presente, não preciso de atenção.

Não perco meu tempo com o ESTRESSE que precede o GOZO,
Quero mais é me deliciar... Da vida que nasce, pobrezinha, para nos salvar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe sua opinião! Obrigado!